quinta-feira, março 29, 2007

Idade do éter avariado

Deve ser da idade, mas desde há algumas semanas para cá que não consigo ficar estacionado em qualquer estação da rádio e isto está a começar a ser trágico.
Demoro-me 7 minutos a chegar ao local de trabalho, o que ainda dá para ouvir aí umas duas musicas normais, mas não consigo fazê-lo.
As rádios que dão música parecem dar a mesma desde há décadas. A RFM, a Comercial e outras que tais repetem-se dia sim, dia sim.
As da malta jovem, a Cidade, MegaFM ou Best Rock não me conhecem de lado nenhum para me estarem a tratar na primeira pessoa do singular.
Não consigo, por razões médicas, ouvir a RR.
Sou demasiado verde para me render exclusivamente a uma Antena 2 ou à clássica FM.
Não tenho muita paciência para as horas de conversa fiada da TSF (como é que se consegue ter uma rádio de notícias num país onde raramente acontece alguma coisa?) ou da Antena 1.
O que passa na Radar ou na Antena 3 é, para mim, muitas vezes inaudível.
A Marginal alterna entre o 8 e o 80 com muita facilidade.
O Rádio Clube Português mudou de direcção, mas penso que não lembra a ninguém ouvir Daniel Nascimento ou Cláudo Ramos em directo na rádio.
Com o que é que se fica? Rádio África? Rádio Popular? Orbital?
Será que ouço rádio às horas erradas, ou será que estou numa idade de incompatibilidade radiofónica?
Sei lá...
Era tudo mais fácil quando havia uma SuperFM e um Carlos Paço D'Arcos a dizer "Merda na madrugada"!

quarta-feira, março 28, 2007

Londres - a continuação

Depois da típica lasagna londrina, o passeio pela Times Square da Europa, Piccadily circus. Gente aos magotes, luzes que fazem da noite dia e mini-saias. Estiveram menos de 10 graus de dia, mas à noite, pelo menos para algumas moças, deveriam estar uns 27-28 graus. Havia também rapazes na sua bela T-shirt de alças. Eu continuava de casaco e de cachecol a tentar tapar as orelhas queimadas pelo vento gelado que se fazia notar "ligeiramente"...
Depois da overdose de civilização, de volta ao hotel e ao sono que antecipava as violências que estavam para vir.
Os dias seguintes foram passados a ver tudo o que Londres tinha para mostar. A minha "wife" apelidada de "Chatia" elabora planos diários que se forem cumpridos escrupulosamente deverão dar para serem feitos em 4 dias. Por isso metade das solas dos sapatos ficaram em Londres.
Museu de história natural, Museu da ciência, Madame Tussaud, National gallery, Big ben, Palácio de Buckingham, Westminster, Tower bridge, Covent garden, Soho, Nothing Hill...
Tudo isto entrevalado com refeições deliciosas de frango com frango, hamburgers e mais hamburgers, acompanhados de frio, mesmo muito frio.
Os passeios nunca acabavam de dia e pela noitinha Londres continuava a ter o encanto das luzes, das mini-saias e do cheiro a primeiro mundo onde se consegue sair à noite sem ter a noção de que "não deveria estar aqui a estas horas".
Não me lembro de nenhuma praça em Lisboa que às 23 horas de um dia normal esteja com mais de algumas dezenas de pessoas. Em Londres parece-me que à noite vê-se mais gente do que de dia. Parece que todos os dias são dias de santos populares, mas sem o cheiro a sardinhas...

terça-feira, março 27, 2007

Ufa... (a chegada)

O significado certo para férias não sei bem qual será. Para mim haverá sempre dois tipo de férias. As de descanço total e as de cansaço total.
Ficar de papo para o ar é bom? É!
Andar quilómetros em busca de uma cidade, poder conhecer o que não se vê aqui é bom? Claro que sim!
Vai daí passaram-se quase 5 dias em Londres e devem-se ter feito uns 50 quilómetros a pé. Tal como só se conhecerá bem um país se se agarrar um carro e andar a correr os recantos, também me parece que as cidades são para serem descobertas a pé. Mesmo que isso deixe marcas que demorarão bastante a desaparecer...
Já se chegou tarde a Londres. Já era quase noite, já estava muito frio, mesmo muito frio. O hotel reservou-nos um quarto no quinto andar, os elevadores estavam avariados e ninguém se disponibilizou para acartar com os 40 Kgs pelas escadas acima. Como alternativa deram-nos um quarto na Mazzanine. Eu francamente não sabia o que era, já tinha ouvido falar por causa dos Massive attack, mas não tinha qualquer ideia do que era. Fiquei a saber.
A primeira impressão depois de arrastar 40Kgs de malas à noite e ao frio foi um quarto entre o 1º e o 2º andar... a mezzanine! O quarto desta vez não tinha paredes de contra-placado, mas tinha um espaço onde cabiam duas pessoas e o oxigénio para à noite conseguirmos respirar. Se alguém se descuidasse com algum gás proveniente do intestino, o outro teria que sair. O espaço onde se estava mais à vontade na casa-de-banho era dentro da banheira (que por sinal tinha uma boa pressãod e chuveiro... só para não dizerem que só digo mal do Hotel).
Onde comer em Londres é uma pergunta de resposta difícil. A comida é má e cara. Se se tiver uma boca santa tudo bem, mas quando se é esquisito a coisa torna-se difícil. Para tornar a coisa mais complicada o caminho que se tomou logo à partida foi o do Harrods. Ver para crer porque contado ninguém acredita, eu se calhar nunca irei estar num centro comercial em que não se parece estar num centro comercial. Dá para ir só para ver a decoração e fica-se lá bastante tempo só assim... Comecei a perceber aqui que sou pobre.
O preço das coisas é de cair para o lado e quando se começa a olhar para as ruas, as lojas e os carros são quase de coleção. Na minha vida devo ter visto tantos Ferraris quantos os que vi em 5 dias. O Porshe Carrera S parece um carrito banal para aqueles lados.
O jantar? Italiano...

segunda-feira, março 26, 2007

I'm back











O resto conto depois. Agora vou tentar ressuscitar os meus pés...

terça-feira, março 20, 2007

Actualizações

Antes de mais, devo aqui escrever uma palavra de agradecimento profundo a este fantástico serviço que é a Netcabo, que nos últimos dias me deixou sem poder vir aqui. Isto estava a ser actuaçizado com demasiada frequência e vai daí que nada melhor para refrear os ânimos do que a impossibilidade de me conectar.
Adiante.
Já recuperei a minha capacidade de vocalizar. Muito se deve ao pouco trabalho de sábado e, principalmente, ao espantoso dia de domingo. Entre sardinhas a modos que não muito bem assadas e umas sapateiras fresquinhas, houve tempo para retemperar as forças e pensar na estupidez que é não conseguir ter uns dias destes mais vezes.
Cheguei a casa e encontrei o meu novo vício - 24, the game.
A série 24 adaptada a jogo de Playstation. O conceito seria estranho, mas o jogo é divertido, viciante (como a série) e difícil (os bófias são muita lixados de despistar).
Esta semana será a mais pequena do ano. Amanhã é o último dia de trabalho e por esta hora na quinta-feira, se o avião chegar a horas a Heathrow, estarei a apanhar frio e chuva em inglês com sotaque de Londres.
Good bye.

sexta-feira, março 16, 2007

Desculpe, mas não consigo ouvir o que me pergunta...

Muito possivelmente esta frase (a do título do post...) vou ouvi-la amanhã nas consultas. Isto se até lá a minha voz não se fizer ouvir. Tudo graças ao glorioso e a mais uma noite de cagada europeia.
Começou bem, eramos bués a puxar pelos de encarnado. Fiquei sentado à esquerda de alguém que leva o dinheiro dos bilhetes muito a sério e por isso esteve a favor de tudo o que era a favor do SLB e contra tudo o que era, ou não contra o glorioso, manifestando-o com um assobio que ainda pernoita na minha cóclea direita. Daqui vai o meu grande obrigado à vedeta da TV sem joelho.
O Benfas entrou mal, aguentou-se, marcou dois e o poste defendeu mais duas vezes. O Moreto é que não a defendeu e deixou as gargantas e os corações em cacos.
A equipa dos pinipons estava de corda na garganta e eu à rasca. Não tinha jantado antes e pelo andar da carruagem, estava a ver que o prolongamento iria fazer com que o meu intestino ficasse em descanso esta noite.
Estivemos a segunda parte em pranto, a bufar, a suspirar, a espingardar, a gritar, a esbracejar e eis que cai um penalty em pleno estádio da Luz. Vindo de nenhures, do deserto de jogadas do segundo tempo.
O golo que se seguiu rebentou com o resto, mas para acabar em beleza, o hino do SLB cantado a quatro vozes no final da noite deixou-me quase sem pio.
Amanhã se me perguntarem:
- Então como está? Está bom?
Eu só irei conseguir responder:
- Está!

segunda-feira, março 12, 2007

Mais um ano

Obrigado a todos os que telefonaram, aos que mandaram as mensagens e aos que se esqueceram ou mesmo aos que fizeram por se esquecer.
Aos que insistiram em que eu fizesse uma espécie de ajuntamento, há que dizer que este ano estava sem vontade. Sem razões em particular, apenas sem vontade.
Os importantes vejo quando quero. Podem alegar que não os vejo nos dias em que faço anos, eu aceito. Mas este aniversário foi para mim e este ano não me apeteceu partilhá-lo com muita gente. Por isso decidi manter contacto próximo com o mínimo número de pessoas.
O misantropismo falou mais alto...
Da próxima vez poderá ser uma algazarra, ou nem por isso.

sábado, março 10, 2007

Já faltou mais


São 1/4 das nossas vidas, poderão ser mais, poderão ficar por aqui. Continuamos como no início a pensar que quando está tudo bem, está mesmo tudo bem.

Sem dúvidas, com incertezas, com convicções, com perguntas, com vontade, sem motivos, com tudo e sem nada. Á espera que o amanhã não seja pior do que o hoje. Nunca há-de ser, não se deixa ser.

Demorou mas aconteceu

Finalmente vi "The Departed" e mais uma vez não dá para perceber os critérios da academia. A lei da compensação fuincionou mais uma vez. É bom, mas tanto também não. O cinema quarteto precisa de um lifting o mais urgente possível, podendo começar por fazer desaparecer o aroma a bafio

Finalmente juntei-me ao grupo dos kinkanços pela segunda vez (?) este ano.

Finalmente começaram a roubar-me partes do carro interessantes - quem é que, no perfeito domínio das suas capacidades cognitivas rouba um plástico que faz o contorno do vidro da frente?

Finalmente tenho uma barba apreciável. Depois de 9 dias sem rapar os pêlos da cara, estou que parece um activista do PC. A ajudar à festa um cabelo com dimensões estratosféricas, no qual qualquer tipo de escova ou pente é objecto non grato.
Porque é que a barba com estes dias todos dá comichão?

quarta-feira, março 07, 2007

Já???

Parece-me que não, mas é verdade. Hoje fui ver antigos posts deste blog e faz agora um ano que comecei a escrever neste pasquim. Este é o post número 201, o que (para os mais desatentos) quer dizer que escrevinhei 200 coisas em 356 dias, o que não é uma má média.
Escrevo como no início (com as mãos dirão alguns, sim! direi eu!). Continuo a ter aqui algo que me faz recordar o que se tem passado na minha vida.
A minha memória a curto prazo anda uma desgraça. Tenho a impressão que foi instalado um filtro à entrada da minha memória e só é permitido o acesso a informações extremamente importantes. Ou nem por isso, nem dessas me lembro muito bem...
O que é certo é que estou hoje como estava sensivelmente como há um ano atrás, sem saber se isso é bom ou mau. Depende do conceito e de como eu me sinto.
Cada ano da vida que passa terá um lugar cada vez mais diluído na nossa vida. Daí que nos lembremos bem de quando os anos correspondiam a muito da nossa vidinha. Quando tínhamos 10 anos, cada ano que passava correspondia a 10% da nossa existência, o que é considerável.
Continuo a discordar um pouco da existência permanente de um calendário que nos castida com o passar dos dias, mas dizem que é assim que se devem assinalar as nossas presenças por este Mundo e eu continuarei a contar os dias aqui.
Assim sendo cá se continuará escrever para gaúdio de toda a comunidade chinesa, japonesa, moçambicana, australiana e outras sem tanta importância.

domingo, março 04, 2007

Ausências

Num mundo onde os anti-depressivos tomaram conta de uma boa parte das almas da população, onde vários exemplares não sabem como se chamam e onde há gente que tem nítidas dificuldades em articular palavras na língua materna de forma a realizar um discurso perceptível, chega hoje o dia de escrever sobre as pessoas a quem nunca se deveria perguntar por indicações.
Deve ter sido baseado neste tipo de pessoas e nas informações completamente inúteis que conseguem fornecer que se desenvolveu o sistema GPS.
São aquelas pessoas que, quando vamos para não se sabe bem onde, se encontram num passeio justamente ao lado da estrada onde vamos perdidos e, por terem um ar de serem nativos da terra, nos levam a colocar o pé no travão e a baixar o vidro do carro.
A pergunta que normalmente se realiza neste tipo de condições não é :
- Boa noite. Quanto é que está o beijinho?
A menos que se ande à procura desse tipo de serviços ou se queira apanhar com um bardafo nas ventas. Eu, pelo menos, não costumo fazer este tipo de abordagem. É mais um:
- Boa noite. Sabe onde é que é o - qualquer coisa -?
O que se pode seguir, conduz, na maioria dos casos ao riso ou ao desespero. Comigo acontece quase sempre o riso, se calhar por não estar muito perdido ou porque não tenho memória do último senhor que se enquadre neste perfil e me tenha dado uma indicação, quanto mais uma que fosse útil, ou mesmo inútil...
Estava eu ontem a caminho de uma coisa chamada Odivelas Parque, onde nunca tinha ido, nem sabia como lá se ia parar. Entro por Odivelas a dentro e não existem placas que me direccionem. A grande maioria dos machos do volante, teimam em não perguntar nada, eu deixei-me disso quando comecei a perceber que andava várias vezes em círculos quando queria dar uma de esperto.
Estava sem orientações e decido fazer a abordagem ao transeunte protótipo.
- Boa noite. Sabe-me dizer como é que se vai para o Odivelas Parque?
- Odivelas Parque? Em Odivelas? Mas para quê?
- É o Centro Comercial...
- Mas centro de quê?
- Para fazer compras...
- Que compras?
- Nas lojas...
- Que lojas?
- As lojas do Centro Comercial...
- Ah! Aqui em Odivelas não há nada disso!
Isto representa o auge das indicações e não é a primeira vez que me acontece, ontem foi só a mais exemplar das vezes. Se não sabem o que é, porque é que continuam a responder? Não seria mais fácil dizer - não sei!
Os Gato Fedorento têm a rábula do "Siga, siga, siga...", eu desses ainda não vi, mas o de ontem era fenomenal.

sábado, março 03, 2007

Mais um

Na demanda que se entitula - vamos lá ver os filmes nomeados para os Óscares deste ano antes que passem para o clube de vídeo (não deveria ser clube de DVD? Quem é que ainda aluga cassetes de VHS?), hoje calhou a vez a "Diário de um escândalo".
As protagonistas foram nomeadas para as estatuetas e justificam bem a nomeação.
A história é um bocado recambulesca... Não bastava uma ser pedófila, a outra tinha também que ser lésbica?
Vale mais pelos papeis (as senhoras vão muito bem) do que pelo enredo.
Não percebi a inclusão da criança trissómica, mas parece que está na moda. Por falar nisso, agora parece que toda a malta se lembrou que os mongolóides também são pessoas que merecem respeito e tudo à custa de uma telenovela que vem mostrar como um ser humano se há-de comportar perante um outro com três cromossomas no lugar de dois. As reportagens que se seguiram e que se continuam a exibir só vêm constatar que o bom senso não está ao alcance de todos.