Quase
Os bifinhos estavam quase bons, mas a parte melhor estava reservada para o final com a representação gráfica de animais marinhos à la Pictionary. De ressalvar o exemplo da Lula e da Lampreia que são de fino recorte intelectual.
Quase que estava bom tempo e no meio da chuva encontra-se um café no Chiado para passar um bocado da noite a dizer alarvidades e piadas de grande potencial humorístico, não estivesse eu rodeado de pessoas sizudas e com pouca imaginação.
Chega o dia 25 e dirigimo-nos para o local histórico, onde a revolução foi culminada. O largo do Carmo era pelas 2 da manhã uma festa de ganza, copos e música da Jamaica. Alguma semelhança com a realidade revolucionária e algum revivalismo do espírito de Abril não era quase engano, era puro engano. Estava um chaimite parado à porta do quartel do Carmo, havia uns cravos, mas ficou-se por aí o revivalismo. De espírito diminuído e depois de algumas escorregadelas pelas pedras de calçada polidas e molhadas, abandonamos a noite em direcção à restituição calórica da, já afamada, "velha dos bolos".
A "velha dos bolos" é uma senhora que tem meia porta de uma pastelaria/padaria/chungaria aberta fora do horário de funcionamento, disponibilizando uma variedade algo finita de bolos das mais variadas origens. Como ainda há algumas leis que se cumprem, os polícias que outrora passavam à porta, hoje, 25/04/2007, decidiram fazer plantão à porta e sonegar o acesso a bolos em horas extraordinárias.
Quase que se comeu bolos, não fôssemos viver num país onde a liberdade é cortada a pessoas que fazem venda clandestina. Não há direito!
Agora estou quase a dormir, mas a fazer tempo, para poder ir, dentro de uma hora, despachar a minha família que se dirige a mais uma viagem por esse mundo fora.
Estou, portanto, quase a poder respirar à vontade na minha casa.
Falta o quase...