A vida não é lá muito justa...
Tanta coisa para escrever e muita coisa sem conseguir sair pelos dedos para o teclado... Desde a última vez que aqui estive tanta coisa se passou que acho que vou fazer reset e debruçar-me sobre a vida e as suas cambiantes.
Qual é a lógica de ter que partilhar a felicidade de ter mais um filho com a certeza de que vou passar por um processo que pode, em última análise, acabar comigo a não ver nunca mais ninguém.
A alternativa não é muita, de facto. A hipótese de definhar à frente dos que mais gosto não me passa pela ideia. Estou ansioso à espera que tudo isto comece para acabar também.
Preciso tanto de tempo com os que mais quero que não penso que isto possa correr mal. É mais uma prova como tantas que a vida guarda. Mas numa fase em que estou como nunca estive e que tenho tudo para ser feliz, não consigo para de pensar que amanhã estarei pior do que ontem até que encontrem um fígado diferente para por a funcionar dentro de mim. Este não me serve para a vida que eu quero e para a vida que os meus filhos e mulher querem de mim.
Nunca quis pensar que a mais duradoura herança que me podiam transmitir fosse tão dolorosa. O meu pai não viu os seus netos, mas eu quero que ele onde esteja se possa orgulhar do que eu possa ter feito por eles. Não quero abdicar do que queria para mim, mas tenho que lutar contra o tempo.
A vida é tão injusta quanto o que eu acho que mereço, mas acho que mereço mais do que ela teria reservado para mim a partir desta altura. Muitas vezes na minha profissão sinto que faço um papel que não é meu, mas a medicina neste momento dá a possibilidade a alguém de virar uma página e não acabar um capítulo que diga FIM.