quarta-feira, maio 31, 2006

Último post sobre futebol

Não é por ser deficitário na relação com os outros, mas não vou aderir à moda! Na minha varanda não vai pairar nada de bandeiras de Portugal. Tal como em 2004 não vou aderir à estupidez tacanha de me lembrar que vivo neste país e do qual tenho orgulho de 2 em 2 anos... Há alguma lógica pensar que só se é patriota quando jogam os 11 (?) melhores jogadores de futebol de um país? Há alguma lógica em esquecer todos os problemas deste país em prol de uma febre de patriotismo que vai durar até ao fim da participação no Mundial? Se a selecção de futebol de Portugal não passar da primeira fase, os mesmos que puserem as bandeiras serão certamente os mesmos que estarão na porta das arrivals do aeroporto para insultar os ex-ídolos. Se passarem até mais à frente vão ser recebidos como heróis certamente, mas em concreto o que é que fizeram de útil? Será que saber jogar à bola é uma qualidade tão distinta que mereça honras de recepções em Câmaras Municipais e de visitas de primeiros-ministros? A judoca que foi campeã europeia recentemente foi recebida pelo primeiro ministro? O presidente prestou-lhe homenagem? Ninguém, excepto a família e os apreciadores de judo, o que perfaz cerca de 26 pessoas, sabe o nome da moça...
Ouvia dizer que os jogadores da selecção nacional merecem o ordenado que recebem... Dizem que as carreiras são curtas e têm que amealhar carcanhol. Estive a fazer contas e nunca na minha vida toda vou ganhar o que o Figo ganhou este ano entre ordenado e publicidade...Nem vou comparar isto aos milhares de pessoas que andam a contar os tostões para esticar a corda até ao fim do mês.
Gosto de futebol, do espéctaculo, do jogo, de bons jogos. Alimento o circuito dado que compro algumas vezes alguns jornais desportivos, mas decididamente abomino o endeusamento dos jogadores, a febre da selecção, o patriotismo inútil, o aproveitamento mediático para esquecer os verdadeiros problemas.
Só em países de terceiro mundo é que as pessoas se comportam como carneirada, parecendo estarem cegas e indo atrás de um pseudo-ideal nacional que não trará qualquer benefício ao país. O alegrar o pobre foi um objectivo do salazarismo, enquanto a nação era distraída com o futebol, fátima e fado, a mesma apodrecia sem que quase ninguém desse por isso e as estratégias são as mesmas, a diferença está em que eu posso escrever isto e ninguém o vai riscar. Em suma 30 anos depois as moscas mudaram , mas a merda é sempre a mesma.