domingo, março 19, 2006

Pessoas, filhos e cães

Não tenho practicamente amigos, o que é um motivo de orgulho, mas como tenho uma profissão que me obriga a falar com pessoas, ainda mantenho algum grau de sociabilização.
Por vezes surgem à consulta o que decidi chamar de família confusa.
A família confusa normalmente apresenta-se com uma progenitora, os filhos e o animal de estimação, normalmente um cão.
A mãe claramente percebe-se que não está ali de boa vontade, chegou a casa depois do trabalho, teve que ir buscar os filhos, teve que ir ao veterinário, vai ter que ir fazer o jantar, lavar a loiça, passar a ferro e manter sexo com o marido contra vontade.
Na mesma altura em que começa a falar comigo, os filhos começam a mexer em tudo o que exieste no consultório e o cão começa a ladrar
Com tanta falta de tempo e orientação por parte dos pais, os filhos foram educados, ou estão a sê-lo, por educadoras de infância com problemas semelhantes, deixando as pobres criaturas no caminho para a gandulagem, drogagem e que mais coisas acabadas em gagem.
O pai da família há-de estar em casa a ver o SLB e a beber Super Bock, ou noutra casa com a amante, ou no pior dos casos, com o amante.
E o no meio disto tudo, o que acontece ao cão? Muitas das vezes os cães aparecem em casa destas famílias porque os filhos querem e assim pensam que enquanto estão a brincar com o cão, não estão a chatear.
Os cães, como animais de matilha, perante tanta confusão, tentam manter a ordem em casa, tentando tornar-se líder do maranhal.
O ladrar constante que fazem para tentar reunir as tropas e manter as coisas como ele queria é muitas das vezes calado com um biqueirão do progenitor, ao qual se segue a discussão da ordem com a mulher e a sinfonia de choro por parte da filharada.
Ao não perceber porque foi pontapeado, no próximo toque a reunir vai tentar fazer pior e juntamente com os latidos, vai morder, puxar, correr, saltar. O progenitor vai tentar estar ao nível da excitação vigente e o biqueirão pode ser transformado em tareão.
Tenho para mim que o biqueiro no cão deverá ocupar parte fundamental do tempo de qualidade destas famílias.
Se as pessoas não são educadas umas para as outras, não conseguem educar os filhos, nunca serão boas educadoras de cães.
Para quando uma lei que imponha regras a quem quer ter um cão. A responsabilidade de educar um animal deveria ser encarada como tal, como responsabilidade.
Imaginar o que seria daquela filharada se fosse educada ao biqueirão quando chorasse, ou chamasse a atenção não é difícil. Muitos deles estarão hoje em diversas alas dos nossos estabelecimentos prisionais, enquanto que muitos dos cães ou foram abandonados, ou mortos...
Viva Portugal,o país dos bons costumes

1 Comments:

Blogger Mike said...

E que tal se os "pouco sociáveis" se dessem a conhecer mais ao mundo, para eu não ser o único manfio a escrever neste blog!
Pelo post que se segue parece-me é que andas a sociabilizar de mais com companhia masculina, e que o nome do blog foi escolhido a dedo como uma tentativa de encobrimento para actividades menos dignas...

8:51 da tarde  

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