domingo, maio 13, 2007

Isto se calhar é gozar com o pessoal...

Hoje culmina para um largo número de alminhas a empreitada para chegar até Fátima neste preciso dia. Desde há algumas semanas que se iniciou a odisseia para chegar ao santuário a pé, de joelhos, de rastos, de costas, de bicicleta, de todas as maneiras mais difíceis e parvas de uma pessoa se conseguir locomover. Isto, em teoria, para pagar uma promessa qualquer, ou para que um desejo se realize.
Eu percebo, até certo ponto, o fenómeno da fé. Não tenho o poder de acreditar, mas até entendo alguns que o fazem, mas como em todos os assuntos, não consigo perceber os excessos.
Começemos pelo início do programa das festas. Há 90 anos atrás, quando ainda eramos mais atrasados (se é que isso seria possível...), uma coisa qualquer levou a que três pastorinhos mobilizassem uma comunidade inteira para ver o Sol a dançar e uma chuva de flores. Ao mesmo tempo, os pastorinhos ouviam três segredos que davam o mote ao culto de Fátima. As crianças com aquelas idades no início do século XX conseguiram o feito de perceber uma mensagem com implicações económicas e políticas, conseguindo ainda fazer passar a mensagem a todos os que perpectuaram o fenómeno.
Desde lá para cá, a zona das aparições, foi-se cristianizando e a mensagem aumentando de intensidade.
Hoje, 90 anos depois, Fátima é um lugar de comércio de artigos religiosos e uma grandíssima fonte de receita para a igreja católica.
A senhora nunca mais deu sinal de vida, já não há pastorinhos, mas existe um povo que sem se questionar continua a caminhar, a comprar, a prometer, a jurar, a chorar e a rezar. Este ano inaugura-se uma igreja que custou 40 milhões de euros, com lugar para 9000 crentes descansarem os pézinhos e perante esta devoção e este crescimento de fanatismo e dedicação eu só queria saber algumas respostas a algumas perguntas.
Quantos desejos foram realizados porque as pessoas que os fizeram se escalavraram todas no mês de Maio para chegar a Fátima vinda dos confins do país?
Será que os comerciantes em redor do santuário vivem de bem com consciência, explorando a fé para venderam bujigangas que, na grande maioria dos casos servem para deitar para o lixo uns anitos depois?
Será que acender uma vela em casa não será a mesma coisa do que em Fátima? A luz de vez em quando também falta cá em casa e eu depois de ter acendido a vela, a dita luz volta a aparecer. O desejo cumpre-se sempre...
Será que as insolações e os buracos nos pés e noutros sitios de arrasto fazem parte do sofrimento para ver um desejo cumprido? Se esse desejo não se cumprir num ano, será que vale a pena voltar ao sacrifício no ano seguinte? E se mesmo assim, não se concretizar? Até que idade se pode pensar em desgraçar os corpo em busca de algo que não se vai realizar tão cedo?
Será que 40 milhões de euros não seriam melhor aplicados se se ajudassem os que realmente necessitam, em vez de os gastar num monte de cimento que não serve para mais do que ganhar ainda mais dinheiro?

4 Comments:

Blogger Mike said...

Discordo em grande do "em vez de os gastar num monte de cimento que não serve para mais do que ganhar ainda mais dinheiro"! Pelo menos em alguma coisa que haja espírito empreendedor. Tem de se investir na empresa, para potencializar ao máximo os lucros. Riqueza gera riqueza...Espero é que esse dinheiro não vá parar à mão de estrangeiros e seja distribuído por famílias nacionais. Os Espanhois já têm Santiago de Compostela e os Franceses Lurdes, por isso deixa os Tugas gozarem Fátima à vontade!

8:53 da manhã  
Blogger Farináceo said...

e é importante que a basílica vai ser paga inteiramente pelo Santuário, e a pronto pagamento!!

10:05 da manhã  
Blogger Vetoon said...

Familias nacionais...
Se bem me lembro os padres e as freiras não têm muita família.
Isso também faz-me levantar a questão das confissões e conselhos dos padres sobre matrimónio e vida conjugal, quando não apresentam curriculo na matéria.

12:59 da tarde  
Blogger Fuzhong! said...

Parabéns! Ainda consegues ter uma visão mais cínica da igreja e afins do que eu! E olha que é um elogio...

3:11 da tarde  

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